A casa é a metáfora escolhida para esta obra. Uma casa à beira do mar lembra a tranquilidade necessária a nossa vida, pemeada pelo ininterrupto espetáculo dos excessos. Mas é também a tradução da tarefa revigorante da própria Filosofia, obrigada a inspecionar as bases da cultura, reconectando profundidade, fecundidade e felicidade. Carpe diem, aqui, significa retomar as virtudes da vida simples e nobre, para não apenas sentir-se bem, mas sobretudo para ser bom. A casa é o lugar da virtude. Desde que nasceu, a Filosofia tem se caracterizado como uma busca do sentido das coisas. Às vezes ela se encontra com temas difíceis, acessíveis apenas a especialistas. Às vezes ela enfrenta questões complexas, mas de interesse comum a todos os seres humanos. É nessa segunda hipótese que este livro se insere, visto que pretende levar a um público ainda não iniciado o espólio da tradição filosófica e, aos especialistas, quiçá, novas formas de interpretar. Trata-se de buscar no engenho de pensadores de outras épocas, cuja grandiosidade está em serem universalmente válidos, pistas de reflexão sobre os problemas que são nossos ainda hoje. Porque ajuda a nos libertar das fontes da dor, a sabedoria prática é uma virtude indispensável para que também a nossa casa- -maior, a Terra, torne-se um lugar de felicidade. Que esta obra se torne um modo de pensar e de habitar a casa, uma espécie de arquitetura filosófica que confunde ser com morar: “somos nós e nossas circunstâncias”, já afirmou Ortega y Gasset.