Viver é viajar! Uma estratégia para manter-se vivo, a viagem torna-se facilmente um tema de impressionante vivacidade filosófica: viagem é a experiência da vida como passagem. Viver é só despedida. Tarefa composta, viajar supõe olhos dispostos, potência de admiração, gosto pela maravilha - há que se deixar ruir por dentro para intentar novas aquisições. Viagem assim é experimento educativo. E este é exercício de um aprendizado que, por tirar o eu de si mesmo e colocá-lo em terra estrangeira, engendra enriquecimentos. Por isso, convém aprender, pois é fora de casa que nos tornamos mais senhores da nossa. Ademais, em viagem experimentamos um pouco do que seria a vida longe das interdições impostas pelo cotidiano e das obrigações que nos ocupam sem nos satisfazer. A viagem da filosofia Como escrita viajante do homem em busca de sentido, a própria Filosofia não é outra coisa senão uma espécie de viagem, uma arte de percorrer os recônditos de si mesmo para depois emergir na forma de uma narrativa divagante, preenchida com as lições que arrunham o espírito e fecundam com sentidos a errância da existência. Filosofia é relato de viagem interior. Símbolo da viagem Capa deste livro, a bicicleta é o símbolo da viagem, porque é o emblema do movimento. Tal como caminhar, assentar o corpo sobre o rodopio das rodas é uma tarefa de oxigenação de corpo e alma. Popular, a bicicleta é um alternativa econômica que tem adeptos em todas as classes sociais e faixas etárias. Como brinquedo, oferece a experiência plena da liberdade e empresta diversão à vida. Deixa o homem vulnerável às intempéries. Aberto para o mundo. Pedalando com amigos ou na solidão dos caminhos alternativos, a bicicleta revela a desambição do homem e seu devotamento poético. Modéstia, moderação e sobriedade: eis a pedagogia da bicicleta. Suas lições principais. Sua moral. (Bicicleta tem sua filosofia).