A árvore é símbolo de uma quadratura. Terra e céu, os divinos e os mortais. Ela simboliza aquela unidade originária que o filósofo alemão Martin Heidegger, no inspirador Construir, habitar, pensar, chamou de simplicidade. A terra é o lugar. O céu é o tempo. Os deuses, o sagrado. Os mortais, porque morrem, habitam na encruzilhada dos outros três elementos: estão sobre a terra e sob o céu, diante dos deuses. Para o filósofo, cada um desses elementos pertencem um ao outro. “A terra é o sustento de todo gesto de dedicação. A terra dá frutos ao florescer. A terra concentra-se vasta nas pedras e nas águas, irrompe concentrada na flora e na fauna. Dizendo terra, já pensamos os outros três. Mas isso não significa que se tenha pensado a simplicidade dos quatro.” É preciso pensar o seu oposto, o tempo aberto e desprotegido: “O céu é o percurso em abóbodas do sol, o curso em transformações da lua, o brilho peregrino das estrelas, as estações dos anos e suas viradas, luz e crepúsculo do dia, escuridão e claridade da noite, a suavidade e o rigor dos climas, rasgo de nuvens e profundidade azul do éter. Dizendo céu, já pensamos os outros três. Mas isso ainda não significa que se tenha pensado a simplicidade dos quatro.” Acima de tudo, os deuses, que “são os mensageiros que acenam a divindade. Do domínio sagrado desses manifesta-se o Deus em sua atualidade ou se retrai em sua dissimulação. Se dermos nome aos deuses, já incluímos os outros três, mas não consideramos a simplicidade dos quatro”. No meio de tudo, os homens: “Chamam-se mortais porque podem morrer. Morrer diz: ser capaz da morte como morte. Somente o homem morre e, na verdade, somente ele morre continuamente, ao menos enquanto permanecer sobre a terra, sob o céu, diante dos deuses. Nomeando os mortais, já pensamos os outros três. Mas isso não significa que se tenha pensado a simplicidade dos quatro.” Por isso, o filósofo sabe: “Chamamos de quadratura essa simplicidade. Em habitando, os mortais são na quadratura.”